Nome: 
Email: 
receba dicas e
novidades por e-mail
Adestramento

A inédita equipe brasileira nas olimpíadas de Pequim 2008 foi formada por três conjuntos Puro Sangue Lusitano: Luiza Almeida/Samba, Leandro Silva/Oceano do Top e Rogério Clementino/Nilo VO(foto de Julia Entscher/Divulgação)

Considerado o mais clássico dos esportes hípicos, o Adestramento tem sua origem no século XVI, na Itália, à época do Renascimento das artes e ciências. Os exercícios desenvolvidos têm como base as antigas práticas de guerra através de reedições de testes feitos com cavalos nos exércitos europeus, em especial as Academias de Nápole e Ferrari.

No Adestramento, internacionalmente conhecido como Dressage, o conjunto (cavalo/cavaleiro) precisa efetuar determinados movimentos - que são as figuras, divididas em menor ou maior grau de dificuldade, de acordo com o nível da reprise -, completamente entrosado, revelando harmonia e equilíbrio.

O Adestramento estreou nos Jogos Olímpicos de Estocolmo, Suécia, em 1912. A modalidade faz parte dos Jogos Equestres Mundiais (World Equestrian Games) desde a primeira edição em 1990, na Suécia; dos Jogos Pan-Americanos e campeonatos continentais como o Europeu e o Sul-Americano, além de promover anualmente uma Final da Copa do Mundo, realizada na Europa, e que reúne os melhores conjuntos do mundo da modalidade.


Séries e categorias


Os Concursos de Adestramento Nacional (CAN) estão organizados em Séries e Categorias. As Séries Elementar, Preliminar, Média I, Média II, Forte I são disputadas pelas Categorias Sênior Amador e Profissional e as Séries Forte II e Especial pelas Categorias Sênior e Sênior Top, respectivamente. As Categorias Mini-Mirim (8 a 12), Mirim (12 a 14), Junior ((14 a 18), Jovens Cavaleiros (16 a 21), Pôneis Mini- Mirim e Mirim e, Cavalos Novos de 4, 5 e 6 anos, são categorias exclusivas e concorrem em separado.


Adestramento no Brasil


No Brasil, o esporte foi introduzido em 1922, quando da vinda da Missão Militar Francesa. Em 1941, com a fundação da Confederação Brasileira de Hipismo, no Rio de Janeiro, o Adestramento foi oficializado como prática esportiva. O primeiro Campeonato Brasileiro foi realizado em 1955, no Rio de Janeiro.

Nas décadas de 1970 e 1980, a modalidade conquistou importantes resultados que começaram a colocar o Brasil na ótica mundial do esporte. A partir dos anos 1990, os países do Cone Sul aceleraram o processo de integração, se unindo na promoção de provas, nascendo os Concursos de Dressage Internacional (CDI) e o campeonato sul-americano. Ainda na década de 1990, consolidaram-se parcerias entre Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) e suas federações estaduais - principalmente a Paulista (FPH) – e a iniciativa privada na promoção de provas nacionais e internacional (Copa Amil e Torneio Gerdau) para desenvolvimento do esporte.

A partir de 2003, o Adestramento conquistou uma importante aliada na promoção, fomento e organização do esporte: a Associação Brasileira de Criadores do Puro Sangue Lusitano (ABPSL). Com desenvolvimento de linhagens e investimento em treinamento, a raça passou a dominar o esporte, promovendo um significativo aumento de competidores nas pistas. Atualmente, o Puro Sangue Lusitano representa a raça com maior número de participantes no País, chegando a responder por mais de 60% dos inscritos em provas nacionais e internacionais.

A partir da década de 2000, ampliaram-se as competições a nível nacional, estadual e de caráter internacional. Instituíram-se os Campeonatos Brasileiros de Amadores e Cavalos Novos de 4, 5 e 6 anos.

A ABPSL também instituiu seu próprio Campeonato Paulista, realizado junto com o Campeonato da Federação Paulista de Hipismo (FPH), com resultados também válidos para os rankings da FPH que premia, com o Troféu Eficiência, os líderes de todas as séries e categorias. A ABPSL também tem seu ranking próprio.

Anualmente, a CBH também promove o ranking da modalidade, onde são considerados os resultados do competidor em todas as provas oficiais, homenageando os líderes de todas as séries e categorias com o Prêmio Hipismo Brasil.

A partir de 2006, em busca de aprimoramento técnico, a CBH intensificou a agenda de Concursos de Dressage Internacional (CDI), possibilitando a vinda ao Brasil de juízes internacionais de nível olímpico para avaliar os conjuntos brasileiros.

Clínicas com treinadores e juízes internacionais passaram a fazer parte da agenda dos atletas de Adestramento, seja por investimento da CBH ou da iniciativa privada. Haras passaram a formar suas equipes, com forte investimento em clínicas para seus atletas no Brasil e no exterior, contratação de técnicos internacionais com experiência no comando de equipes e atletas de diferentes países, além da ida de atletas para participar e assistir competições no exterior. A junção destes esforços tem contribuído para o aprimoramento técnico dos conjuntos, refletida na elevação da média geral e das notas individuais atribuídas pelos juízes estrangeiros.

Outra competição que vem contribuindo para a formação das categorias de base do Adestramento, especialmente nos países onde a modalidade ainda está em desenvolvimento, caso do Brasil, é o FEI World Dressage Challenge, idealizado pelos ex-cavaleiros alemães Paul Schockemöhle e Ulrich Kasselman e oficializada pela Federação Equestre Internacional (FEI). Considerada uma das mais importantes disputas do Adestramento mundial, o FEI World Dressage Challenge é dividido em dez grupos, onde cada grupo é formado por cinco países. O Brasil faz parte do Grupo I, junto com a Argentina, Chile, Uruguai e África do Sul. O diferencial desta competição é que a mesma dupla de juízes percorre os países de cada grupo para fazer a seleção dos conjuntos, o que permite uma melhor avaliação comparativa. Nesta competição, o Puro Sangue Lusitano também tem se destacado em todos os níveis de prova.

Em 2012, objetivando o desenvolvimento de uma nova geração de amazonas e cavaleiros, a CBH instituiu o “Projeto Adestramento – Jovens Talentos”. O treinador alemão Nobert van Laak foi contratado para ministrar clínicas para atletas das categorias Juniores e Young Riders com idade entre 14 e 21 anos. O objetivo do projeto é preparar um time de alto nível que tenha condições de disputar competições internacionais, e em especial formar atletas em condições de disputar vagas no time olímpico para os Jogos do Rio em 2016. O projeto engloba, ainda, a participação destes atletas em Concursos de Dressage Internacional (CDI YR/JR).

Hoje, em seu melhor momento no Brasil, o Adestramento tem seu maior reduto em São Paulo (SP), mas vem se desenvolvendo também no Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul.


O PSL nas disputas internacionais


A primeira participação do Brasil com um Puro Sangue Lusitano em disputas internacionais aconteceu em 2003 nos Jogos Panamericanos de Santo Domingo, na República Dominicana, quando o cavaleiro Leandro Aparecida da Silva montando Luar integrou a equipe brasileira. O importado Luar era propriedade à época do Haras Villa do Retiro.

Em 2005, objetivando a formação da equipe que representaria o Brasil nos Jogos Paramericanos do Rio 2007, a CBH contratou o juiz e treinador de renome internacional Eric Lette, da Suécia, para observar e definir a equipe. Na primeira formação, dos três conjuntos selecionados estava o Puro Sangue Lusitano Nirvana Interagro, montaria de Pia Aragão. Um problema de saúde no animal, no entanto, tirou o conjunto da competição. Com uma segunda baixa no time, a equipe brasileira acabou sendo formada por outros dois Puros Sangues Lusitanos: Samba, montaria de Luiza Tavares de Almeida, e Nilo VO, montaria de Rogério Clementino, que junto com Renata Rabello Costa com o holandês Monty conquistou a medalha de bronze, garantindo uma vaga inédita por equipe para o País nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008.

Na fase de classificatórias para as Olimpíadas, vários CDIs foram realizados no Brasil, e os conjuntos que não registraram índice no País seguiram para uma maratona de provas na Europa. No final, a inédita equipe olímpica foi formada por Luiza Almeida/Samba, Roger Clementino/Nilo VO e Leandro Aparecido da Silva com Oceano do Top. Dois destes animais, Nilo VO e Oceano do Top são de criação nacional. Uma contusão impediu a participação de Nilo VO na disputa. Em busca de classificação Individual, Leandro Silva ficou em 43º lugar e Luiza Almeida em 40º.

Em 2010, o Brasil participou pela primeira vez dos Jogos Equestres Mundiais com uma equipe. O evento, em sua 6ª edição, foi realizado em Lexington, Kentucky, Estados Unidos. O time brasileiro, 14º no cômputo final, foi todo formado por cavalos Lusitanos: Luiza Tavares de Almeida/Samba, Rogério Silva Clementino/Portugal e Marcelo Alexandre da Silva/Signo dos Pinhais.

Ainda em 2010, o PSL garantiu a participação inédita de um representante da América Latina na Final da Copa do Mundo de Adestramento, realizada na Holanda. Luiza Tavares de Almeida com Samba esteve, como convidada, entre os 50 melhores conjuntos da modalidade no mundo.

Em 2011, o desafio foram os Jogos Panamericanos de Guadalajara, no México. Mais uma vez o time foi formado por quatro conjuntos Lusitanos: Luiza Tavares de Almeida montando Pastor, Rogério Silva Clementino com Sargento do Top, Mauro Pereira Junior com Tulum Comando SN e, na reserva, Manuel Tavares de Almeida Neto com Viheste. O time ficou em 5º lugar. Já na disputa individual, Roger/Sargento e Mauro/Tulum se habilitaram ao Freestyle, onde se posicionaram entre os 15 melhores dentre os 50 conjuntos inscritos. Momento histórico para o Adestramento brasileiro que há 28 anos não participava da final individual. Mauro Jr acabou em 9º lugar e Rogério Clementino em 12º lugar.

Ainda em 2011, o conjunto brasileiro Luiza Almeida e Pastor foi o único representante da raça nos Jogos Mundiais Militares realizados no Rio de Janeiro. O conjunto conquistou a medalha de ouro individual e de prata por equipe.

Em 2012, o Puro Sangue Lusitano garantiu mais uma vez a participação do Brasil em uma Olimpíada. Nos Jogos de Londres, Luiza Tavares de Almeida montando Samba foi a única representante da América do Sul na disputa individual.